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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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Luis Peirano



Entrevista com Luis Peirano.
Luis Peirano recebeu o título de Ph.D. em ciências humanas pela Pontificia Universidad Católica del Perú e um mercado em Artes da Comunicação pela Wisconsin University, Madison (E.U.A.). Ele é um sociologist especializado em comunicação e cultura e também trabalha como diretor teatral. Ele foi o fundador e primeiro reitor da Faculdade de Ciências e Artes da Comunicação na Pontificia Universidad Católica del Perú e também desenvolveu o programa de mestrado em comunicação desta universidade. Ele é um dos membros do Conselho de Ética da imprensa peruana e foi presidente deste Conselho de 2006 a 2007. Ele é membro também da Comissão Cultural Nacional e da Comissão de Assessoria Técnica da UNESCO.X


Marcial Godoy: Muito obrigado por estar aqui conosco, Luis. Você poderia apresentar-se, por favor?

Luis Peirano
: Claro que sim, com todo o prazer. O meu nome é Luis Peirano. Eu sou do Peru – nascido no Peru e residente no Peru. Eu sou sociólogo por formação e um homem do teatro por vocação. Eu tenho seguido adiante, combinando essas duas paixões, que são os estudos sociais com a realização teatral, e cada vez mais refletindo sobre o que o teatro pode fazer. Então você me pergunta, os estudos da performance têm muita importância, em primeiro lugar, porque isso nos fez reconhecer que a performance sempre existiu, ainda que esse... a palavra, o conceito é interessante como novidade... A performance em si antecede, digamos, a existência da palavra, porque inclusive aquilo que os homens do teatro denominavam “formas pré-teatrais”, digamos, qualifica-se como “estudos da performance”, qualifica-se como amostras de performance, não? E, além disso, são elas que mais têm atraído a atenção daqueles interessados em estudar essas formas peculiares de representação, da conduta estudada e revisitada, que há em todas as comunidades, até mesmo naquelas que não dispõem da teatralidade, no sentido mais ortodoxo, ocidental e convencional, certo? Portanto, realmente os estudos da performance têm nos ajudado a incluir, nesse grande universo da performance, modalidades que antes eram consideradas, digamos, indignas de serem chamadas de “teatro”, indignas da teatralidade. E, além disso, nós fomos incitados a estudá-las e a relembrá-las; então, por exemplo, uma parte do que é a recuperação da identidade básica das comunidades nativas nos Andes foi feita graças aos estudos da performance. E muitos grupos que originariamente eram grupos de teatro voltaram-se para a recuperação de formas culturais anteriores à existência do teatro, tal como se conhece, no sentido ocidental, após a conquista.

Marcial
: Você poderia me falar um pouco sobre as formas institucionais que essas ideias assumem no contexto em que você trabalha, se há departamentos, se há... como você vê esse campo a nível institucional?

Luis: Sim, isso não existe em termos explícitos, mas – evidentemente – tanto os departamentos de ciências sociais, quanto os departamentos de comunicação, quanto os departamentos de humanidades, no sentido lato sensu, têm incorporado os estudos da performance. De modo que, apesar de não ser tão fácil encontrar no Peru uma divisão, ou departamento, ou faculdade, ou unidade, que se qualifique exclusivamente como de performance, é muito fácil encontrar em cada um desses departamentos... pessoas, professores e estudantes, interessados nos estudos da performance.

“Os estudos da performance tem realmente nos ajudado a incluir, nesse grande universo da performance, modalidades que têm, que têm sido consideradas indignas de chamar-se teatro, indignas da teatricalidade.”


Marcial: E você poderia aprofundar-se um pouco mais nas idéias com as quais você tem trabalhado atualmente, envolvendo a performance, sobre as quais você falava no início da nossa entrevista?

Luis: Sim, claro. Se perguntamos qual é a obra teatral, no sentido mais convencional, que tem representado os Andes, inclusive o Peru... bem, desde a Colômbia até o norte do Chile e da Argentina, provavelmente haverá um consenso ao se dizer que é A Morte de Atahualpa. Mas A Morte de Atahualpa, não somente porque ela poderia ter sido escrita por alguém letrado, por um homem das letras, ou por um dramaturgo, como o próprio Peter Shaffer, não? Isso... são formas quase, eu diria, aparentemente improvisadas, e em alguns casos muito vinculadas ao que nós poderíamos chamar de arranjo tradicional, uma espécie de representação comunitária, que está também associada, curiosamente, a essa representação da chegada dos espanhóis, da captura do Inca e da morte do Inca, que está associada a algum outro tipo de festividade, inclusive de cunho religioso, não? E, portanto, os antropólogos têm feito a festa, eles fizeram milhões no Peru, por exemplo, com  “O Inca e a Coya”, não?

Marcial
: E você poderia me dizer quem exatamente tem contribuído para o desenvolvimento dessas ideias no Peru, por um lado, e, por outro lado, que pensadores de fora do Peru têm tido um impacto importante, digamos, nos debates locais?

Luis
: Sim, claro que sim... a César o que é de César. Bem, no Peru, os antropólogos... os antropólogos, mas mais especificamente os... digamos “renovadores”, mais na linha de Victor Turner, não? Nesse sentido, o trabalho de Schechner também tem sido importante, não? Para os antropólogos, Schechner foi quem revisitou a disciplina; e, para alguns homens do teatro, ele foi um traidor, de certo modo, no sentido de que (risos) ele deixou de fazer teatro para fazer cada vez mais antropologia, não? Mesmo apesar de, na realidade, haver um distanciamento em Schechner entre o que ele diz e o que ele faz, porque quando... a última obra que eu vi do Schechner, apresentada em Nova York... era uma obra de teatro, não era uma performance. Na realidade, há uma dinâmica conflitiva, riquíssima nesse campo, não? E os que se... que se dedicaram a isso, curiosamente... bem, é óbvio que o Yuyachkani é, no Peru, de fato o grupo de teatro que, como tal, se tem permitido trabalhar mais a linha da performance. Digamos, afastando-se do convencionalismo do teatro, digamos, de Aristóteles, do convencionalismo do teatro de Brecht, de mobilização e panfletário, sem abandonar o seu compromisso político e social, recuperando elementos das comunidades, mas, obviamente, lançando-se em uma aventura criativa.

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