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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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Antonio Prieto






Entrevista com Antonio Prieto (2011)

Antonio Prieto Stambaugh é um pesquisador e professor mexicano, especializado em estudos da performance, teatro contemporâneo, estudos de gênero e estudos queer. Atualmente é professor em tempo integral na Universidad Veracruzana (Faculdade de Teatro e Centro de Estudos, Criação e Documentação das Artes). Tem mestrado em estudos da performance pela New York University e doutorado em estudos latino-americanos pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). É membro do Sistema Nacional de Investigadores (SNI) no México. Tem publicado diversos ensaios sobre teatro e performance arte chicana e mexicana, bem como sobre estudos de gênero e fronteiras, em diversas antologias e revistas como Cuadernos Americanos, Debate feminista, Gestos, Latin American Theatre Review, Frontera norte e Conjunto. Seu livro mais recente é Corporalidades escénicas, antologia que editou com Elka Fediuk (Universidad Veracruzana e Argus-a, 2015), e é editor chefe de Investigación Teatral. Revista de artes escénicas y performatividad.X



Diana Taylor: Antonio Prieto, bem vindo.

Antonio Prieto: Obrigado.

Diana: Você poderia me dizer onde você trabalha e em que departamento você está?

Antonio: Eu trabalho no Departamento de Teatro na Universidad Veracruzana. Fica em Jalapa, Veracruz, México.

Diana: Obrigada. Você poderia me falar um pouco sobre a visão de performance e estudos da performance no México? As duas coisas têm o mesmo significado, ou há uma clara distinção entre as duas?

Antonio: Bem, como você deve lembrar, quando estivemos no Encuentro do Instituto Hemisférico de 2001 em Monterrey, havia muita confusão, exatamente porque as pessoas não sabiam como distinguir entre “performance”, que as pessoas em geral entendem como performance arte, ou a arte de ação, e os “estudos da performance”, que é um paradigma teórico relativamente novo, recentemente chegado ao México, porque, na realidade, tudo isso vem da década de 80, princípio dos 80, particularmente Richard Schechner, que começou a aproximar-se de criadores cênicos, como Nicolás Nuñes, e de alguns teóricos, como Gabriel Weisz, da Universidad Nacional Autónoma de México, e eles começaram a familiarizar-se com isso. Mas, na realidade, no que diz respeito à academia em geral, e é claro no que diz respeito ao público, estudantes, enfim, ainda há uma noção, quando se ouve a palavra “performance”, de que se trata de performance arte, não? Então, sim, é um trabalho um tanto complexo, lento, mas eu acho que as pessoas estão aos poucos começando a familiarizar-se com a performance como um paradigma teórico, que não está desvinculado da arte-ação, mas é muito mais amplo do que isso. “Estudos da performance”, as pessoas às vezes acham que significa “estudos de arte-ação”, mas é algo muito mais amplo. Então eu, por exemplo, nos seminários que eu tenho ministrado, às vezes prefiro dizer “estudos da performatividade”, porque, por mais que eu explique, elas não entendem. Então tenho que dizer “estudos da performatividade”, então elas pelo menos entendem que é uma teoria, relativa a atos de fala, mas muito mais, logicamente.

Diana
: E você tem sentido alguma resistência ao falar da performatividade ou dos estudos da performance? As pessoas do teatro resistem a isso, por exemplo?

Antonio: É muito interessante. Aqui no México, tenho notado, por exemplo, que pesquisadores dos campos da linguística, da antropologia, da sociologia, por exemplo, eles aparentemente estão mais abertos a adotar a terminologia da performatividade. Então você vê, sim, em alguns autores uma aceitação, começa-se a usar isso para tratar de ações expressivas cotidianas, de diferentes aspectos, inclusive da literatura, começa-se a falar na performatividade da narrativa. Mas, no entanto, nos estudos do teatro, em que há uma longa trajetória de estudos teatrológicos, digamos, que tem, talvez, uma conexão genealógica mais clara e direta com os teóricos franceses, alemães e italianos, então é aí que tem havido, talvez, mais resistência curiosamente. Com alguns colegas, inclusive da minha universidade, eu tenho tido discussões sobre isso, porque às vezes eles pensam que, se começamos, nos estudos da performance, a trabalhar com a performance, ou a performatividade, então o estudo do teatro vai ficar vulnerável, por exemplo, não? As pessoas dizem, bem, é que ainda se faz teatro, e eu tenho que convencê-los que os estudos da performance não ameaçam os estudos do teatro, mas os enriquecem, ampliam, aumentam a possibilidade de ver muitos aspectos que os estudos convencionais, digamos, da teatrologia, talvez não abordem.

“Os ‘estudos da performance’, as pessoas às vezes acham que isso é um estudo da performance, mas é algo muito mais amplo. Então eu prefiro dizer ‘estudos da performatividade’, de modo que as pessoas entendam isso como uma teoria, relativa a atos de fala e muito mais, logicamente.”


Diana: E você tem encontrado recursos no México, ou seja, outros professores que também trabalhem no campo da performance, ou performatividade, publicações que deem apoio para o trabalho que você faz nesse campo?

Antonio: Aos poucos, creio que abri uma brecha na minha trincheira, por assim dizer, para que os meus diversos colegas comecem a incorporar isso aos seus estudos... E é claro que não é um trabalho apenas meu; eu encontro colegas como, por exemplo, José Ramón Alcantar, que é um importante teórico do teatro da Universidad Iberoamericana, que costumava falar somente em teatralidade, no paradigma da teatralidade, começa nos seus textos mais recentes, um livro importante que ele publicou no ano passado, intitulado Textralidad Alcántara Mejía, José Ramón. 2010. Textralidad: textualidad y teatralidad en México. Ciudad de México: Universidad Iberoamericana.ele começa a falar em performatividade e do aspecto performativo. A mesma coisa com outro colega, um colega meu na Universidad Veracruzana, Domingo Adame, que está muito aberto a esses enfoques. E então, digamos, em parte por causa de uma crescente presença, eu creio, de textos que começam a circular no México, só agora, como você sabe, começam-se a traduzir coisas, e cada vez mais pessoas podem ler em inglês, então elas começam a familiarizar-se com os textos de Schechner, de Judith Butler, e mesmo os que você mesma escreveu, e outros colegas… E isso, eu acho, tem um efeito de bola de neve, e as pessoas começam a entender cada vez melhor o alcance dos estudos da performance. Então em vez de ser uma coisa de resistência, de suspeita, de não querer aceitar os estudos de performance porque isso ameaçaria os estudos do teatro, eu creio que começam a entender que é algo que pode enriquecer os estudos do teatro também.

Diana: E um obstáculo ao seu trabalho, se você puder falar sobre um ou dois?

Antonio: Eu não sei se eu encontrei... na realidade, eu tenho tido muita sorte, por ter encontrado colegas que, mesmo que possam apresentar alguma resistência, são bastante abertos ao diálogo. E a nível institucional, eu sempre estive em instituições onde, inclusive no Colegio de Michoacán, onde eu não estava num departamento de teatro, uma faculdade de teatro, onde eu era pesquisador e professor no Departamento de Estudos Rurais, e lá eu percebia o interesse de colegas, mesmo que tenha sido mais curiosidade do que um desejo verdadeiro de incorporar os estudos da performance. Portanto, lá no Colegio Michoacán, eu gostei de trabalhar, mas às vezes eu me sentia um pouco como o patinho feio. Agora, no Departamento de Teatro da Universidad Veracruzana, eu sinto que o meu trabalho é apreciado; Eu encontro, tanto nos colegas quanto com os estudantes, muito diálogo, muito desejo de ouvir, e nesse sentido eu consegui impulsionar uma linha de pesquisa, juntamente com outros colegas acadêmicos, sobre teatralidade, performatividade e cultura, por exemplo. Ou que essa nova edição da revista Investigación Teatral possa ter como subtítulo “Artes cênicas e performatividade”. Antes, isso teria sido impensável, mas agora já se começa a ver isso como algo importante.

Diana
: Ok, muito obrigada, Antonio.

Antonio
: Obrigado pela entrevista, Diana.

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