Anabelle Contreras
Entrevista com Anabelle Contreras (2007)
Anabelle Contreras Castro cursou antropologia na Universidad de Costa Rica e obteve o título de Magistra Artrium na Freie Universitaet Berlin, universidade na qual também obteve o título de doutora, na área de estudos latino-americanos. Ela tem participado como pesquisadora convidada na Freie Universitaet Berlin e em vários programas financiados pelo DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) e pelo Max Plank Institut, bem como em várias oficinas, conferências e seminários internacionais. Atualmente, é Professora na Escola de Arte Cênicas e coordenadora do Doutorado Interdisciplinar de Letras e Arte na América Central da Universidad Nacional de Costa Rica. Trabalha ainda como dramaturga no grupo de teatro independente Abya Yala. Suas pesquisas têm sido desenvolvias nas áreas de identidades na América Central, culturas juvenis, gênero, cultura popular e meios de comunicação.X
Diana Taylor: Oi Anabelle, você poderia, por favor, se apresentar para este projeto?
Anabelle Contreras-Castro: Sim. O meu nome é Anabelle Contreras-Castro e eu sou professora da Universidad Nacional de Costa Rica. Sou professora na escola de artes cênicas e dirijo o programa de doutorado, que chama-se Doutorado Interdisciplinar em Artes e Letras da América Central.
Diana: Obrigada. O que se entende por estudos da performance na Costa Rica?
Anabelle: Bem, até recentemente, esse era um campo relativamente desconhecido; nós nunca tivemos um movimento de estudos da performance como em outros países. Nós tivemos artistas que fizeram performance, alguns sem sabê-lo, alguns conscientemente, e algumas raras pessoas que escreveram algo a respeito, basicamente Virginia Pérez Ratton, que fundou TEOR/éTica, mas não havia um estudo sistemático na academia. Então, a partir daí, veio a ideia de introduzir os estudos da performance na Universidad Nacional, na Escola de Artes Cênicas. Criamos como primeira instância um seminário formal de graduação para o nível de licenciatura, no qual introduzimos os estudos da performance como método de pesquisa e prática de alguns conceitos de que necessitávamos, para desviar um pouco o rumo da escola, que era exclusivamente teatral.
Diana: Então houve, digamos, um debate, ou um conflito, entre o teatro e as artes visuais, em relação à performance, se isso seria interessante como prática ou como metodologia?
Anabelle: Eu acredito que não houve um debate aberto, nem algum conflito prévio. O que houve, primeiro, foi o seminário, e as dúvidas surgiram depois, porque o seminário teve resultados muito bons, e algumas pessoas começaram a questionar se a escola de teatro deveria seguir esse rumo ou não. Isso não gerou um debate aberto ou um conflito. Nós temos ainda hoje um curso optativo que começou direcionado para a Escola de Artes Cênicas e hoje é aberto para toda a universidade. Então nós recebemos estudantes de todas as faculdades, que fazem o seu curso optativo em estudos da performance, sendo a metade do curso teórica e a outra metade, prática.
“Introduzimos os estudos da performance na Universidad Nacional na Escola de Artes Cênicas como método de pesquisa e prática de alguns conceitos de que necessitávamos, para desviar um pouco o rumo da escola, que era exclusivamente teatral”.
Diana: E onde vocês obtêm os textos teóricos?
Anabelle: Esse é um problema nos países pequenos como os da América Central, onde não se importa grande quantidade de livros, não há preços competitivos para os livros porque têm imposto alto. Então nós temos um sistema bem informal e ilegal. Quero dizer, nós fazemos fotocópias de livros, os clonamos, os escaneamos, e fazemos circular o conhecimento de maneiras informais e ilegais.
Diana: Ok, bom. Que viva a pirataria! Quais são os teóricos de presença mais forte lá?
Anabelle: Bem, nós temos trabalhado bastante com os livros de Diana Taylor e algumas outras publicações virtuais. A publicação virtual do Instituto Hemisférico e-misférica tem sido muito importante para nós, bem como alguns teóricos do Brasil, América do Sul, alguns ligados ao Instituto Hemisférico, e outras coisas que encontramos via internet, porque nas livrarias você não consegue encontrar quase nada a respeito.
Diana: Sim. Há alguém aqui que trabalha nesses temas?
Anabelle: Estudos da performance?
Diana: Sim, que publique a respeito, teoricamente?
Anabelle: Nós temos muito mais resultados práticos do que teóricos, no momento. Quero dizer, o curso optativo que ofereço na Universidade se converteu em um espaço para a exploração de conceitos sobre o corpo. É muito difícil que aqui se entenda no setor cultural que é preciso produzir intelectualmente. Os artistas vêem a si mesmos como fazedores e não como pensadores do que fazem, e nós estamos buscando gerar material, mas há pouco.
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