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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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Javier Serna





Entrevista com Javier Serna (2011)

Javier Serna é doutor em Estudos da Performance pela New York University, professor-pesquisador do Departamento de Estudos de Pós-graduação e  professor do Colegio de Letras Mexicana da Universidad Autónoma de Nuevo León (UANL). O Professor Serna é co-fundador da Escola de Estudos Teatrais e Práticas Culturais no Departamento de Teatro, onde desenvolveu aproximações teóricas sobre a história e a memória do passado pré-hispânico em relação às culturas indígenas do nordeste do México.  Sua contribuição na campo da performance e das práticas culturais sobre o mundo aridoamericano incluem Hikuri (La Ruta Sagrada del Peyote); Fidencismo (Curanderos de la Fe); Luminarias (El Mitote Guadalupano). Sua contribuição ao teatro mexicano produziu obras como Herejía de Sabina Berman, La Real Cacería del Sol de Peter Shaffer, Los Hijos del Desierto em co-autoria com Dulce González, El Reyno, adaptação de Fernando de Hita sobre o romance de Don Raúl Rangel Frías entre várias outras produções. As suas publicações incluem “Asesinato Social-Actos Silentes”, “El teatro al fin de la modernidad” e colaborações com a Paso de Gato Revista Mexicana de Teatro. Serna recebeu o Premio a las Artes da UANL e é membro do conselho consultivo do Instituto Hemisférico de Performance. Tem mestrado em antropologia filosófica no Departamento de Estudos Superiores da UANL e atualmente é membro do Conselho para a Cultura e as Artes de Nuevo León, CONARTE.X



Marcial Godoy: Por favor, você poderia se apresentar?

Javier Serna: Como não. Boa tarde. O meu nome é Javier Serna. Eu venho da cidade de Monterrey, trabalho na cidade de Monterrey, na Universidad Autónoma de Nuevo León. Também sou Membro Conselheiro do Conselho para a Cultura e para as Artes de Nuevo León. Basicamente, o meu trabalho dentro desse âmbito local no nordeste mexicano refere-se fundamentalmente a uma evolução a partir dos estudos teatrais até os estudos da performance.

Marcial: Sim, muito obrigado. E você poderia nos contar como os estudos da performance têm influído tanto o seu próprio trabalho como o seu âmbito institucional-intelectual?

Javier: Bem, isso tem influído de uma forma muito, muito significativa… Quando eu finalmente entendi que no nordeste mexicano… — eu venho de um lugar onde a… digamos, o dito popular é “os bárbaros do norte” — quando eu pude efetivamente entender o que significava “os bárbaros do norte”, o fiz justamente através dos estudos da performance. Foi a influência desses estudos que me fizeram entender claramente que isso havia sido uma mitologia política inventada pelos conquistadores para apoderar-se, não somente das terras, das minas, mas também das almas dos Chichimecas, da sua forma de ser.

Marcial
: E você poderia falar um pouco mais sobre que teóricos, que ideias especificamente, dentro do campo dos estudos da performance, lhe ajudaram a fazer essa reflexão?

Javier
: Bem, definitivamente quando eu cheguei à Universidade de Nova York para fazer o doutorado em estudos da performance, as minhas grandes inspirações foram Diana Taylor, Barbara Kirshenblatt-Gimblett, Richard Schechner, a própria Peggy Phelan, todos eles influíram, de uma perspectiva muito, muito clara, para gerar essa evolução da qual eu falava agora há pouco, porque o meu campo eram os estudos teatrais e a partir daí cheguei até os estudos da performance. Não é um segredo que Monterrey, no norte da República Mexicana, está sendo acometida neste momento por uma extrema violência e por uma brutalidade muito, muito severa. Os estudos da performance têm influído não somente em mim, mas também nos meus alunos de tal maneira que atualmente estão sendo realizadas… esse conceito que me agrada muitíssimo, as “performarchas”, que é gente que sai às ruas para protestar, é gente que sai às ruas para recuperar a cidade e recuperar a zona urbana, é gente que está de alguma forma muito consciente de quem é e de onde está. E definitivamente os estudos da performance e a influência que eu tive chegaram a proliferar para um bom contingente de pessoas atualmente.

Marcial: Excelente. E como se dá a presença dos estudos da performance institucionalmente? Há departamentos próprios ou esse estudo é feito através de distintas formas, em distintas ramificações? O que você diria a respeito da institucionalidade?

Javier: Basicamente, o problema que eu enfrentei quando regressei à minha cidade é que a performance é conhecida, ou era conhecida naquele momento no México, basicamente como algo relacionado às artes plásticas, às instalações, a esse tipo de expressão artística. Não existe um Departamento de Estudos da Performance na cidade. Então a forma como nós lidamos com isso é através do conceito de “práticas culturais”. Através do conceito de práticas culturais e da recuperação da memória do nordeste mexicano, creio que conseguimos, através de disciplinas específicas, através de seminários que oferecemos, conseguimos criar uma consciência nas pessoas e a modificar sobretudo esse conceito de performance que estava associado basicamente às artes visuais, e generalizá-lo, e ampliá-lo como uma ótica fundamental para a transferência de valores, de conceitos, de memória, sobretudo — que nos dão um sentido de identidade no nordeste mexicano.

“[Os estudos da performance] conseguiram esclarecer muitos conceitos acerca de todos os arquivos documentais que existiam... tudo o que era ignorado a nível de tradições inscritas no corpo das gentes e que se via na expressão cultural, através de performances, e que a gente não conseguia conceitualizar como tal.”


Marcial: Claro. E você poderia ser mais específico em relação a que parte das metodologias associadas aos estudos da performance têm sido particularmente úteis para você? Que conceitos, que ideias, que questões metodológicas lhe ajudaram nesse contexto no qual você está inserido?

Javier: Como a minha evolução se deu a partir do teatro, definitivamente essa ideia de entre o teatro e a antropologia de Richard Schechner
Schechner, Richard. 1985. Between theater and anthropology. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.X
creio que é o ponto de partida, de onde, de uma forma muito genérica, se pode definir os estudos da performance. Mas definitivamente esse momento ou esse livro escrito por Diana Taylor sobre os arquivos e os repertórios
Taylor, Diana. 2003. The archive and the repertoire: performing cultural memory in the Americas. Durham: Duke University Press. X
foram verdadeiramente muito reveladores. Creio que essa é outra das grandes influências que conseguiu esclarecer muitos conceitos acerca de todos os arquivos documentais que existiam, como também acerca de tudo o que era ignorado a nível de tradições inscritas no corpo das pessoas, e que se via na expressão cultural, através de performances, e portanto que a gente não conseguia, digamos, conceitualizar como tal. Essas duas grandes influências... e depois os “objetos etnográficos”, através de toda a metodologia de Barbara Kirshenblatt-Gimblett
Kirshenblatt-Gimblett, Barbara. 1998. Destination culture: tourism, museums, and heritage. Berkeley: University of California Press.X
também foi muito importante.

Marcial: Excelente. E que contribuições, tanto de intelectuais mexicanos ou latino-americanos lidando com temas afins, os estudos da performance receberam em seu contexto? Que pensadores mexicanos ou latino-americanos lograram, digamos, integrar esse corpo teórico?

Javier: Bem, definitivamente Antonio Prieto, que trabalha na Universidad Veracruzana, tem sido um... digamos, tem dado uma contribuição muito importante. Definitivamente Jesusa Rodríguez, que já é um ícone da cultura mexicana e que definitivamente tem tudo a ver com os estudos da performance. Mas também, claro, tem Zeca Ligiéro e Luis Peirano, a própria Leda [Martins], todo esse grupo que constitui o Instituto Hemisférico de Performance e Política conseguiu de algum modo permear, através de mim especificamente, um grupo de estudantes, de jovens, que estão muito, muito inspirados por isso. Agora mesmo eu estava dizendo a Diana [Taylor] que há três ou quatro rapazes que queriam inscrever-se tardiamente para o seu curso em Chiapas e dizem que está lotado, sabe? Que tiveram que recusar oitenta pedidos, sabe? Então isso começa a tomar ímpeto.

Marcial: Bom, muitíssimo obrigado, Javier.

Javier: Ao contrário, eu que agradeço.

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