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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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Kay Turner




Entrevista com Kay Turner (2007)

Kay Turner trabalha entre disciplinas, incluindo escrita, performance musical e folclore. Ela possui doutorado em folclore e antropologia pela University of Texas at Austin. Suas áreas de especialização são o folclore apresentado por mulheres (em especial nas arenas da narrativa oral, religião ‘folk’, e cultura material) e interpretações feministas e lésbicas/gay/queer do folclore e cultura popular. É Professora do Departamento dos Estudos da Performance na New York University, onde dá cursos sobre gênero, teoria do tempo e performance, fantasmas e suas ontologias, efemeridade, teoria da narrativa oral e história representada. Dentre suas publicações incluem-se Beautiful Necessity: The Art and Meaning of Women's Altars (Thames and Hudson, 1999), uma versão estendida de sua tese sobre os altares domésticos de mulheres texano-mexicanas na região sul do Texas e Baby Precious Always Shines: The Love Notes of Gertrud Stein and Alice B. Toklas (2000, St. Martin Press). Seu ensaio “September 11 and the Burden of the Ephemeral” foi publicado na Western Folklore em 2009. Seu livro mais recente, (com Pauline Greenhill) é Transgressive Tales: Queering the Grimms (2012, Wayne State University Press). O projeto de Turner sobre contos de fadas queer continua com “At Home in the Realm of Enchantment: The Queer Enticements of the Grimms’ ‘Mother Holle,’” publicado em Marvels and Tales (2015) e um ensaio para uma monografia sobre a artista feminista suíça Doris Stauffer (University of Chicago Press, no prelo, 2016). Turner está trabalhando em um novo livro, What a Witch, uma interpretação radical da figura da bruxa no folclore e na performance. Em 2014 ela se aposentou do Brooklyn Arts Council, onde foi Diretora de Artes Folclóricas por 14 anos, pesquisando e apresentando as diversas formas de arte e artistas folclóricos do Brooklyn. Turner é a futura presidente da American Folklore Society (2015-2018). Turner permanece dedicada a sua carreira artística em canto, composição, performance colaborativa e iniciativas curatoriais alternativas. Seus trabalhos recentes em performance, concebidos e executados por ela, incluem “When Gertrude (Stein) Met Susan (Sontag), no San Francisco Queer Arts Festival (2014); "The Black Kiss," no Museum of Contemporary Art, Brittany, France (2014); "Otherwise: Queer Scholarship into Song" (2013), "Rethinking Memorial: Ephemeral Gestures for September 11," no Brooklyn Arts Council (2011); "Extraordinary Rendition,” no Hamilton College (2009); "Creating Queer Genealogies: The Spinster Aunt Project," (com Ella Gant), Denniston Hill (2009); e o projeto curatorial e de performance "HomoHome" na Cinders Gallery, Williamsburg, Brooklyn (2006). Ela compôs canções e se apresentou como cantora em várias bandas, principalmente com o grupo de punk rock feminista lésbico "Girls in the Nose"(1985-1996), com quem está atualmente fazendo uma turnê comemorativa de 30 anos do grupo.X



Diana Taylor: Oi, Kay, muito obrigada por encontrar-se conosco. Você poderia me falar um pouco sobre você?

Kay Turner: O prazer é meu. Eu nasci em Detroit, Michigan. Eu venho de uma família antiga de trabalhadores da indústria automotiva, e eu fui a primeira da minha geração a ingressar na universidade. E, desde muito cedo, eu acho que o que me influenciou a falar sobre os estudos da performance de maneira contínua na minha vida foi que eu tive muita... eu fui criada como presbiteriana, e a igreja presbiteriana que eu frequentava era uma igreja bem liberal e ela nos dava a oportunidade de investigar diferentes modos de pensar sobre a religião – isso foi nos anos 60, final dos 50, na verdade, também – realmente um tipo diferente de oportunidade. E eu me interessei muito por mitologia e pela narrativa mitológica. E tinha um pastor na igreja que era um homem muito inteligente, que tinha estudado na Escola de Teatro da Yale, e ele encorajou isso em mim. E, sabe, minha longa trajetória, quero dizer, como eu então me formei em filosofia e literatura, mas depois fiz minha pós-graduação em folclore na Texas University, e tenho o meu doutorado pela UT Austin [The University of Texas at Austin]. Eu estava pensando sobre isso, que essa trajetória foi bem longa para mim, um interesse a longo prazo, especialmente em narrativas performadas e as maneiras em que histórias performam. E eu estou, na verdade, ministrando um curso sobre a performance de histórias na cultura agora, a qual eu irei ensinar assim que concluirmos esta entrevista.

Diana
: Como você definiria os estudos da performance?

Kay: Bem, eu acho que para mim – porque eu venho do folclore, eu recebi o meu treinamento em folclore, onde eu tive muita, muita sorte de fazer a minha pós-graduação no final dos anos 70 e início dos 80, quando Richard Bauman, Joel Sherzer e muitas outras pessoas estavam na Universidade do Texas, e a escola de folclore do tipo “arte verbal como performance”, a escola da performance dentro do folclore estava no seu auge, também a etnografia da fala. Então, quem sabe, se eu tivesse ido para outro lugar, onde a classificação de gênero e a materialidade textual do folclore desempenhassem um papel mais marcante, eu não sei o que teria acontecido comigo. Mas eu fui, claro, totalmente atraída por essa linda forma de observar a performance e o folclore através das lentes da ação artística e da ação que possa ter significado, que possa ter um aspecto político, que possa expressar uma ambiguidade – esses foram os tipos de coisas que eram, sabe, o foco das discussões naquela época. E se você acrescentar a isso que eu era também, naquela época, uma das primeiras, sabe, queer, uma das primeiras lésbicas, uma das primeiras acadêmicas feministas a tentar trazer essa ênfase para o contexto do folclore, o que era também algo novo naquela época. Eu acho que os estudos da performance... eu nem sabia que isso existia, mas eu li Richard [Schechner], e eu li Victor Turner, e eu tinha Dick Bauman, e eu tinha, você sabe, essas pessoas que estavam naquele meio. Então, para mim, os estudos da performance foram uma maneira natural de iniciar um processo de desprendimento do folclore e da natureza do folclore centrada na classificação, no gênero – foi participar do desprendimento disso o que me levou à performance.Por isso eu acho que, em grande parte, eu vejo essa conexão entre o folclore e os estudos da performance, que é uma conexão antiga, é uma, é uma que eu acho que tende a se perder agora; e na realidade é uma que eu trago bastante para as minhas aulas, porque eu quero que os meus alunos tenham um entendimento das diferenças disciplinares entre a antropologia, o folclore, os estudos da performance e os estudos do teatro. Então, no geral, eles têm uma idéia do que essas outras coisas são, mas o folclore é um pouco diferente para eles. Então eu estou feliz, estou feliz em fazer isso.


“Eu fui totalmente atraída por essa linda forma de se observar a performance e o folclore através das lentes da atuação artística e da atuação que pode ter um significado, poderia ter um aspecto meio político.”



Diana
: Então como você definiria essas distinções, essas distinções disciplinares entre o folclore e os estudos da performance?

Kay: Bem, eu penso em folclore como, você sabe, o folclore está sempre voltado para a base oral da cultura, na verdade, a base interativa da cultura num âmbito bem íntimo, num plano cara-a-cara. Portanto, essa é a área central na qual os materiais folclóricos são expressos. E isso não significa que eles não possam ter aspectos populares, mas eu acho que até um certo ponto o folclore ainda é baseado no conceito de tradição, trazendo o passado para o presente através da arte, através da criação de formas de arte e da execução de formas de arte que tenham sido culturalmente salientes. E, quero dizer, uma das coisas mais divertidas do folclore é, você sabe, observar a tradição e os costumes e esse tipo de coisas através das lentes da performance, que lhe dá uma noção acerca do surgimento e de como esses materiais estão em um processo de transformação constante. Por isso eu acho que os estudos da performance contribuem bastante para o folclore, por conta desse seu aspecto expressivo, desse aspecto que, sabe, que trata do criativo e da composição criativa de materiais tradicionais à medida que eles continuam a ter um lugar em cenários culturais. Então, sabe, há uma diferença, mas eles, eles realmente... cada vez mais na minha disciplina, muitas pessoas na minha disciplina utilizam os estudos da performance. Barbara KG [Barbara Kirshenblatt-Gimblett] é uma folclorista, Deborah Kapchan teve o treinamento como folclorista, muitos folcloristas certamente têm ingressado na família dos estudos da performance, sabe, muito, muito felizes porque isso lhes possibilita fazer o tipo de trabalho que nós queremos fazer um pouco mais, quero dizer, para os meus propósitos certamente, muito mais politicamente.

Diana: Bem, muito obrigada.

Kay: De nada.

Diana
: Tão interessante.

Kay: Não há de quê.

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