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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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Laura Levin





Entrevista com Laura Levin (2013)

Laura Levin é Professora de Teatro da York University, onde leciona no programa de pós-graduação em Teatro e Estudos da Performance e de Comunicação e Cultura. Ela tem publicados vários artigos sobre teatro e performance arte contemporâneos com ênfase na performance de gênero e sexualidade; performance site-specific, imersiva e de intervenção urbana; performance digital e intermidiática; e genealogias disciplinares dos estudos da performance. Ela é Editora Chefe da Canadian Theatre Review e editou várias coleções especiais: uma edição de Theatre Research in Canada sobre Espaço e Subjetividade; edições da CTR sobre Performance Arte e Performance Digital; uma edição de Performance Research sobre a Performance do Público; Conversations Across Borders com Guillermo Gómez-Peña (Seagull, 2011); e Theatre and Performance in Toronto (Playwrights Canada, 2011). O seu livro Performing Ground: Space, Camouflage, and the Art of Blending In (Palgrave) recebeu o Ann Saddlemeyer Award da Associação Canadense de Pesquisa Teatral por melhor publicação em inglês ou francês em 2014. Ela trabalhou como diretora e dramaturgista em várias produções Norte Americanas, e participou em projetos de pesquisa prática explorando as intersecções entre performance, geografia e tecnologias digitais. Em 2008, a Professora Levin deu início ao “The Performance Studies (Canada) Project,” o primeiro grande estudo para teorizar e mapear a emergência do campo dos estudos da performance no Canadá (financiado pelo SSHRC). Como parte desse projeto, ela dirigiu a conferência anual Performance Studies international (PSi), realizada pela primeira vez no Canadá em junho de 2010. Ela é atualmente co-pesquisadora do Consórcio Canadense de Performance e Política nas Américas, uma parceria financiada pelo SSHRC entre o Instituto Hemisférico de Performance e Política e uma rede de pesquisadores da performance em universidades canadenses.X



Mark Matusoff: O que você entende por estudos da performance?

Laura Levin: No nível básico — se eu fosse aplicar para um edital e tivesse que explicar para alguém o que é estudos da performance, sem que eles tivessem uma ideia do que é essa disciplina — eu diria que a performance é uma lente através da qual se pode ler uma série de diferentes tipos de comportamentos culturais corporificados, incluindo coisas como o ritual, a dança, o entretenimento popular, eventos esportivos e a representação de si mesmo na vida cotidiana. Mas na prática, quanto mais eu ensino estudos da performance, mais penso neles como um lar para o que eu tenho chamado de “desajustados disciplinares”. É um lugar de refúgio para acadêmicos e artistas para quem certas conversas estancaram em seus próprios departamentos. A minha percepção dos estudos da performance como um lar para desajustados disciplinares é influenciada pela minha própria localização como uma acadêmica canadense. Só para colocar isso em contexto, eu sou canadense e me mudei para os Estados Unidos para fazer o meu doutorado porque não haviam programas de estudos da performance aqui. Quando eu voltei, ainda não haviam programas de estudos da performance no Canadá. Então realmente levou algum tempo para a disciplina se estabelecer, e como resultado, muitos de nós desajustados tivemos dificuldade de encontrar um lugar onde realmente nos sentíssemos em casa. Eu vejo as aulas de estudos da performance que eu leciono na pós-graduação como um lugar onde alunos de diferentes departamentos podem se juntar e se sentir compreendidos, e falar sobre uma série de questões específicas que interessam a todos nós — como a corporeidade, o público ou ações políticas. E eu tenho chamado esses estudantes de “desajustados disciplinares” e não “desajustados da performance”, porque a minha sensação é que, para muitos deles, o termo “performance” não é necessariamente o mais importante na sua escrita. Na realidade, a performance nos oferece uma ocasião ou oportunidade para certos tipos de pensamento interdisciplinar que talvez não pudessem ser desenvolvidos dentro da rigidez de suas próprias disciplinas.

"Quanto mais eu ensino estudos da performance, mais penso neles como um lar para o que eu tenho chamado de “desajustados disciplinares”. É um lugar de refúgio para acadêmicos e artistas para quem certas conversas estancaram em seus próprios departamentos."


E acho que há uma influência aqui do contexto canadense mais amplo, porque é um lugar em que as disciplinas estão, de maneira geral, definidas muito rigidamente. Isso tem a ver com o tipo de rituais aos quais muitos de nós temos de nos submeter todo ano para solicitar fundos de pesquisa. Quando você submete uma proposta para um fundo de pesquisa nas ciências sociais e humanas, você geralmente tem que marcar um “x” num campo especificando a sua disciplina. E é claro que não existe a opção “estudos da performance”. Então ou você escolhe outra coisa, como “teatro” ou “estudos culturais”, ou você escolhe a opção “interdisciplinar”, o que é um pouco problemático, porque “interdisciplinar” acaba se tornando um termo genérico para qualquer um nas artes cujo trabalho não se encaixe em uma das categorias. Então essa categorai se torna extremamente competitiva nesse sentido. Esses fatores influenciaram a minha ideia de estudos da performance como um lar para desajustados disciplinares, como um abrigo para o pensamento interdisciplinar, ou pós-disciplinar.

Mark: Que tipo de perguntas ou temas que as metodologias dos estudos da performance permitiram que você explorasse, e que talvez não tivessem sido possíveis antes?

Laura Levin: O meu próprio trabalho com os estudos da performance foi influenciado pelos meus estudos na pós-graduação, que eu fiz na University of California, Berkeley. Eu estudei com a Shannon Jackson, especificamente na época em que ela estava escrevendo o seu maravilhoso livro Professing Performance
Jackson, Shannon. 2004. Professing performance: theatre in the academy from philololgy to performativity. New York: Cambridge University Press.X
[“Professando a Performance”], que discute a importância da genealogia na articulação do que queremos dizer com “performance”. Eu fiquei fascinada com o seu argumento de que o termo “performance” muda de acordo com o seu lugar institucional, disciplinar, cultural e pessoal. Esse argumento ressoou muito em mim, e continua ressoando. Eu levei comigo esse pensamento genealógico na minha própria escrita sobre performance feminista e site specific, mas também no projeto de pesquisa que eu estou desenvolvendo sobre o desenvolvimento dos estudos da performance no Canadá. Esse projeto foi influenciado pela minha experiência de voltar para o Canadá em 2005 e de começar a lecionar no Departamento de Teatro da York University. Naquela época, eu estava refletindo sobre o que significa ser um acadêmico dos estudos da performance numa paisagem cultural em que os estudos da performance não existiam.

Em um texto que escrevi sobre esse assunto, eu conto a história de uma reunião da qual eu participei na York, na qual estávamos começando a conversar sobre criar um programa de pós-graduação — o programa originalmente se chamava Estudos de Teatro, mas agora se chama Estudos de Teatro & Performance. Em um dos documentos de planejamento, uma das especializações era “estudos performativos”, então eu perguntei a algumas das pessoas na reunião: “O que significa ‘estudos performativos’? Eu tenho um doutorado em outra coisa, e outras pessoas também...” E elas responderam: “Queremos reconhecer o fato de que alguns dos professores da nossa pós-graduação têm um interesse em performatividade — sabe, no sentido de Austin — mas que nós definitivamente não estamos fazendo ‘estudos da performance’ e definitivamente não fazemos o que o Richard Schechner faz lá na NYU. Definitivamente não é isso que nós fazemos.” Então eu achei muito interessante que, no momento em que um programa estava sendo fundado, havia todas essas performances de desautorização por parte dos meus colegas.

Isso me fez começar a fazer algumas perguntas sobre o que seriam os estudos da performance em um contexto canadense, e sobre as histórias dos estudos das performances no Canadá. Aquelas metodologias genealógicas que eu havia aprendido me ajudaram a desestabilizar alguns dos pressupostos que cercam os estudos da performance. E eu queria usá-las para entender como os estudos da performance canadenses podem se distinguir do modelo centrado nos Estados Unidos com o qual eu tinha me familiarizado até aquele momento. Então isso me levou a pesquisar vários assuntos. Resumidamente, esses assuntos incluíram coisas como a influência das políticas oficiais de multiculturalismo no Canadá, e como performers interculturais reagiram a essas políticas. Eu tenho me interessado na articulação de performance no Canadá Francês e como a língua é uma performance de poder naquele contexto provincial. Isso influenciou o desenvolvimento de performances baseadas em movimento e imagem, que de alguma maneira se traduziam entre as línguas oficiais do Canadá. Eu também tenho me interessado por performance indígena, analisando como a performance indígena desafia alguns dos modelos eurocêntricos que têm sido centrais para as histórias do teatro no Canadá. E também, de maneira mais geral, tenho explorado formas de performance indígena — na contação de histórias, no ritual e no ativismo. Por exemplo, estou realmente fascinada com o movimento Idle no More no Canadá.

A segunda parte desse projeto tem sido pensar sobre o ser canadense como uma espécie de performance em si, ou a nação como performance. Há uma influência aí, por exemplo, do trabalho da Erin Hurley sobre o ser quebequense como performance, ou o trabalho da Susan Bennett sobre lugar como performance. E eu tenho pensado e escrito sobre como muitas vezes existe a percepção dos estudos da performance como uma espécie de parasita estadunidense e colonial que vem para o Canadá para corroer a estabilidade dos estudos teatrais canadenses. Eu acho que essa percepção é influenciada pelo nosso contexto nacional e pela história das lutas dos nossos colegas para legitimar o teatro canadense como uma coisa que se pode estudar e encenar. Antes de uma disciplina de estudos teatrais “canadenses” ser fundada, apenas peças europeias ou estadunidenses constavam em nossas ementas. Então fazer uma coisa chamada “teatro canadense” era muito importante, e existe uma percepção dos estudos da performance como essas coisa que pode roubar a “nós” dessa disciplina que nós lutamos tanto para construir. Eu tenho me interessado por essa perspectiva como uma performance de identidade disciplinar nacional.

Mark: E finalmente, em que medida e como os estudos da performance já se fizeram sentir como uma disciplina no Canadá?

Laura Levin: Antes eu disse que levou um bom tempo para os estudos da performance começarem — mas estão começando. Um dos lugares em que já se vê os estudos da performance se estabelecendo é nos programas de pós-graduação. O primeiro programa de pós-graduação em estudos da performance foi fundado, eu acho, em 2006 na University of Calgary; e mais recentemente, desde 2012, três novos programas foram fundados na University of Toronto, na University of Alberta, e na York. Muitas dessas universidades na América do Norte, e em particular no Canadá, parecem ter um programa de pós-graduação em estudos da performance, mas nenhum bacharelado em estudos da performance. Então vai ser interessante ver se isso vai chegar a ser um problema para a manutenção desses programas, ou para os estudos da performance como disciplina. Muitos desses programas de pós-graduação se encontram em departamentos de teatro. Existem alguns lugares onde se pensa os estudos da performance fora do teatro. Na Concordia University, há uma linha de pesquisa em estudos da performance dentro do Doutorado Interdisciplinar nas Humanidades. Departamentos de folclore têm sido um lugar muito importante para o ensino da performance e para a etnografia da performance, mais especificamente. Isso é uma coisa sobre a qual o Brian Rusted, um professor na University of Calgary, têm escrito. Ele editou recentemente uma edição especial maravilhosa sobre etnografia da performance no Canadian Theatre Review, que traça essa história do folclore nos estudos da performance no Canadá, e observa a Memorial University na costa leste, em Newfoundland, como um lugar de performance do folclore.

Mas além do surgimento dos estudos da performance como disciplina dentro de alguns poucos departamentos, eu diria que os estudos da performance, na medida em que já se estabeleceram como disciplina, o fizeram mais em termos de redes do que de programas universitários. Nós temos princípios de redes de pesquisa maravilhosos, conectando acadêmicos e artistas de todo o Canadá em torno de projetos específicos. Há o Projeto de Estudos da Performance (Canadá), no qual estou trabalhando. Nós organizamos uma oficina de metodologias para acadêmicos canadenses em todo o país em 2012, que eu organizei com minha colega Marlis Schweitzer. E mais recentemente há o Consórcio Canadá de Performance e Política nas Américas, uma iniciativa da University of Manitoba, que agora tem um edital grande de parceria para unir acadêmicos para pensarem performance em termos hemisféricos. Esse edital está ligado ao Instituto Hemisférico na NYU, então isso é ótimo. Essas redes são ótimas no sentido de nos permitir conversar entre fronteiras disciplinares e com pessoas que não estão na nossa instituição de origem. Ao mesmo tempo, existe o potencial delas serem levemente problemáticas, no sentido de que elas podem nos permitir continuar como curiosidades acadêmicas dos estudos da performance dentro dos nossos próprios departamentos. Mas acho emocionante ver onde tudo isso vai nos levar e fazer parte dessas aventuras colaborativas.

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