Patrick Anderson
Entrevista com Patrick Anderson (2007)
Patrick Anderson é Professor de Estudos Étnicos, Estudos Críticos de Gênero e Comunicação na University of California, San Diego. Anderson possui bacharelado em Estudos da Performance e Antropologia na Northwestern University, mestrado em Ciências da Comunicação e Estudos Culturais na UNC Chapel Hill, e doutorado em Estudos da Performance (com ênfase em estudos sobre mulheres, gênero e sexualidade ) na UC Berkeley. Anderson foi Fulbright Scholar no Sri Lanka, e sua prática de ensino, pesquisa e ativismo faz a ponte entre os campos dos Estudos da Performance e dos Estudos Culturais. Seu livro So Much Wasted: Hunger, Performance, and the Morbidity of Resistance (Duke University Press, 2010) explora a greve de fome, a anorexia nervosa, e os jejuns encenados como práticas espetaculares e altamente radicais que tentam intervir na soberania ideológica do estado. Seu livro Violence Performed: Local Roots and Global Routes of Conflict (Palgrave/Macmillan, 2009), uma coletâna de ensaios co-editados com Jisha Menon, interroga a violência como performance e prática performativa na política global. Atualmente, ele está finalizando mais dois livros: Autobiography of a Disease, e Empathy's Others. Anderson é o co-editor, junto com Nicholas Ridout, da série de livros Performance Works, da Northwerstern University Press.X
Marcial Godoy-Anativia: Então, oi, Patrick. Obrigado por conversar conosco. Você poderia se apresentar brevemente, por favor?
Patrick Anderson: Tá bom. Eu sou Patrick Anderson. Eu sou Professor no Departamento de Comunicação e Professor Afiliado em Estudos Étnicos e Estudos Críticos de Gênero na University of California, San Diego. O meu doutorado é em Estudos da Performance e em Gênero, Mulher, e Sexualidade na Berkeley. E atualmente [2007] eu estou passando um ano na Stanford, no Departamento de Teatro.
Marcial: Ótimo. Então diga, se você puder falar um pouco sobre como você vê os estudos da performance como um campo de estudo, ou disciplina, ou pós-disciplina?
Patrick: Claro. Bem, eu costumo responder essa pergunta de maneiras diferentes, dependendo de quem está perguntando e de quem é o público alvo. Mas eu, independente de como eu responda, eu sempre costumo pensar não em termos de genealogias disciplinares – há muitas maneiras de rastrear os estudos da performance nas ciências humanas, nas artes, nas ciências sociais, e eu acho que elas são muito úteis — mas eu prefiro pensar nos estudos da performance como sendo constituídos por vários tipos de oportunidades e nos convocando a assumir vários tipos de responsabilidades ou obrigações de natureza política. Quando eu converso com estudantes de graduação, eu costumo dizer que as oportunidades que os estudos da performance e a teoria da performance nos oferecem são a chance de pensar as coisas que não são, que não foram criadas com a intenção de serem encenadas de maneira autoconsciente – de analisar essas coisas como performance, sejam elas textos literários ou formações sociais ou construções de uma identidade ou outros modelos de pensamento sobre o que é o sujeito, o que é o ser humano, o que é a pessoa, o que é o ser. Mas eu penso que usar performance como uma análise ou uma metáfora ou uma alegoria para pensar sobre outras coisas traz consigo certas responsabilidades, um peso a se carregar, sobre o trabalho que fazemos. Então, por exemplo, a maior parte do trabalho dos estudos da performance considera a corporificação, a profundidade dos corpos, ao invés de limitar a orientação da pesquisa ao texto ou ao nível superficial – a leitura meio que textual das coisas. E eu acho que fazer isso significa que temos que observar os corpos de uma nova maneira e assumir responsabilidade pelos corpos de novas maneiras. Pode parecer uma coisa meio de vanguarda, meio new age, essa de focar nos corpos, de focar no afeto e assim por diante. Então quando falo com estudantes de graduação, eu costumo focar tanto na produtividade dos estudos da performance, considerar como eles podem ser úteis para ponderar sobre muitas outras coisas, como experiências sobre nós mesmos, como pessoas no mundo classificadas pelo gênero, pela raça, pela sexualidade, e também trazer alguma responsabilidade sobre o que significa esse modo de pensar. E eu percebo que os estudantes são muito – os estudantes de graduação em particular – são muito abertos a esse tipo de pensamento e conseguem rapidamente dar saltos que poderiam antes parecer muito difíceis. Então é importante, no meu próprio trabalho, pedagogicamente, lembrar aos estudantes o que está em jogo ao se adotar essas novas maneiras de pensar e ajudar-nos a continuar assumindo a responsabilidade por comunidades políticas às quais pertencemos ou sobre as quais estamos refletindo ou escrevendo como um grupo.
Marcial: Ótimo.
Patrick: Quando eu converso com colegas, eu também gosto de pensar sobre formações não-disciplinares, então eu acho que a interdisciplinaridade é um modo de pensar sobre isso. Mas eu prefiro pensar em termos de oportunidade e obrigação, responsabilidade, independente de como aconteçam essas formações. Para mim, os estudos da performance tanto abrem todo um leque de novas maneiras de pensar quanto nos obrigam a pensar eticamente sobre essas coisas de maneiras novas.
Marcial: Ótimo. E quanto à sua própria pesquisa?
Patrick: Então, o meu trabalho é sobre violência e performance e subjetividade política. O meu primeiro livro
Marcial: Certo, é, bem, isso é muito útil, muito profundo. Muito obrigado por compartilhar as suas ideias conosco.
Patrick: Claro, obrigado, esse é um grande projeto.
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