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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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Tracy Davis





Entrevista com Tracy Davis (2007)
Tracy C. Davis é uma especialista em teoria da performance, historiografia do teatro e metodologia da pesquisa. Possui doutorado em Estudos do Teatro pela University of Warwick (Reino Unido) e é atualmente Pró-Reitora de Assuntos Acadêmicos da Escola de Pós-Graduação da Northwestern University. Historiadora do teatro feminista, suas áreas de interesse incluem a história do teatro britânico do século XIX, gênero e teatro, história da economia e da administração do teatro, estudos de museus e estudos da Guerra Fria. A professora Davis publicou The Broadview Anthology of Nineteenth-Century British Performance (Broadview Press, 2012), The Cambridge Companion to Performance Studies (Cambridge University Press, 2008), Stages of Emergency: Cold War Nuclear Civil Defense (Duke, 2007), The Performing Century: Nineteenth-Century Theatre's History, co-editado com Peter Holland (Palgrave, 2008), e Considering Calamity: Methods for Performance Research, co-editado com Linda Ben-Zvi (Assaph, 2007), Actresses as Working Women: Their Society Identity in Victorian Culture (Routledge, 1991), George Bernard Shaw and the Socialist Theatre (Praeger, 1994), The Economics of the British Stage (Cambridge University Press, 2000), co-editou Women and Playwriting in Nineteenth-Century Britain (com Ellen Donkin, 1999), e Theatricality (com Thomas Postlewait, 2004). A professora Davis edita a série de livros Cambridge Studies in Theatre and Performance Theory e fundou o arquivo da Performance Studies International, sediado na Fales Library (New York University). Entre seus muitos prêmios, recebeu o American Society for Theatre Research’s Distinguished Scholar Award, e uma fellowship do National Endowment for the Humanities, e também foi Mellon post-doctoral fellow na Harvard University.X


Diana Taylor: Tracy, muito obrigada por conversar conosco sobre os estudos da performance. Você poderia muito, muito brevemente nos falar um pouco sobre você?

Tracy Davis
: Eu leciono na Northwestern University, onde eu trabalho há 16 anos, tenho um cargo nos departamentos de Teatro e Inglês, e colaboro em Estudos da Performance. Então eu oriento alunos de todos os diferentes departamentos. É muito fluido. Sim.

Diana: Então o que você entende por estudos da performance? Como você caracterizaria os seus elementos?

Tracy: Eu diria que os estudos da performance não são tanto uma disciplina mas um diálogo. Talvez seja assim que surgem as disciplinas? Mas nós já temos prática com essa questão de disciplinas na Northwestern, em parte porque ela é uma instituição que põe muito dinheiro para sustentar o trabalho interdisciplinar. Você nunca consegue dinheiro para fazer algo em uma só disciplina, mas se você disser, "oh, estamos envolvendo isso, e aquilo, e mais outra coisa", então há muito, muito apoio para isso. Então, ao mesmo tempo que os Estudos da Performance, como departamento, vem articulando a sua identidade e – essa é uma longa história, que todo mundo sabe – negociando entre a sua história com a interpretação oral da performance, oriunda da tradição retórica, e a etnografia, buscando uma forma de fundir as duas coisas. E, em geral, há menos ansiedade a respeito dessa fusão atualmente, e um maior nível de conforto em se dizer, simplesmente: "ok, é isso que nós fazemos: duas coisas. Vamos descobrindo à medida que o trabalho for progredindo". A minha postura em relação a isso é um pouco oblíqua, porque eu sou uma historiadora. E os historiadores são sempre uma minoria entre os acadêmicos dos estudos da performance. E eu acho que, apesar de haver muita referencialidade a eventos históricos e muita preocupação com os antecedentes históricos, não há verdadeiramente uma forte tradição de se dizer esta é a relação entre os estudos da performance e a investigação histórica. E esse é o meu interesse particular.

Diana
: Então, como você definiria a relação entre a investigação histórica e os estudos da performance? O que uma tem a oferecer à outra?

Tracy: Bem, é sempre válido saber de onde vem algo. Você não pode ter uma investigação pós-colonial significativa sem entender um período histórico, que pode ser maior ou menor, mas você precisa entender quais são as alegações por trás de... por trás de qualquer momento em particular, e mais num contexto cultural mais teorizado e profundamente entendido. Portanto, para mim eu acho que – apesar de eu não ser uma acadêmica pós-colonial, na verdade – eu acho que o estudo histórico vai quase sempre mudar as perguntas que nós fazemos no presente.
Então, se eu estou condenada a ter, ou destinada, digamos, a perpetuamente ter discussões com pessoas cujos interesses são primordialmente contemporâneos, ou sobre a preservação do trabalho contemporâneo, ou sobre o arquivamento do trabalho contemporâneo, eu vou sempre dizer: qual é o arquivo mais profundo por trás disso? Até que ponto um arquivo é verdadeiramente um local de depósito, e não uma mera metáfora? Até que ponto nós consideramos os arquivos como potenciais? O que nós pensamos a respeito da combinação do trabalho que envolve o estudo de arquivo e também outros tipos de estudo exploratório, ou observações de campo, ou o que for?

Eu acho que há métodos particulares que os acadêmicos da performance deveriam aprender no que diz respeito ao estudo histórico, e eu não dizer "eu quero saber só um pouco, eu quero saber apenas o suficiente a respeito do passado para poder fazer as minhas afirmações no presente". Portanto, é isso que eu tenho procurado encorajar que as pessoas entendam, que há métodos, há tradições, há padrões de rigor analíticos acerca do trabalho histórico que nós precisamos levar em conta como acadêmicos do campo da performance.

“Como acadêmicos da performance, nós temos um grande interesse na narrativa, e um ceticismo acerca da sua fidelidade, e uma propensão a dizer que a narrativa deriva de uma série de decisões e que ela não é predeterminada; que a narrativa não é pro forma.”


Diana: Quais seriam, na sua opinião, alguns métodos que seria importante que os acadêmicos dos estudos da performance entendessem?

Tracy: Bem, uma parte é, é senso comum. Então, nós temos um grande interesse na narrativa, por exemplo, como acadêmicos do campo da performance, e um ceticismo acerca da fidelidade da narrativa, e uma propensão a dizer que a narrativa vem de uma série de decisões, e que a narrativa não é pré-determinada, que a narrativa não é pro forma. E isso é verdade também no trabalho histórico, mas nós pensamos na narrativa como uma relação estruturada entre a evidência e o relato da evidência. Nós pensamos nisso, talvez, como algo mais rigorosamente delimitado. Nós pensamos nisso como tendo uma tradição historiográfica em diálogo com outras versões históricas que podem basear-se em partes do mesmo arquivo ou podem ser bastante distintas.

Diana: Você acha que a prática da performance poderá um dia ser usada como um modo de se pensar sobre o passado?

Tracy: Definitivamente. Definitivamente. O seu trabalho é, para mim, uma inspiração nesse ponto. Eu estou trabalhando atualmente num projeto sobre o repertório britânico do século XIX… comecei a pensar sobre o repertório do mesmo modo que os praticantes do teatro falam sobre o repertório – digamos, o repertório de uma companhia em particular, ou o repertório em torno do gênero – e eu estou começando a pensar nisso muito mais como uma formação fluida. Então, os acadêmicos do século XIX tinham uma preocupação com o gênero – o que é pantomima, o que é farsa, o que é burlesco, o que é extravaganza, o que é drama, e assim por diante – mas isso são, isso são... de certa forma, isso são categorias de marketing, não são categorias literárias, particularmente, são categorias usadas por artistas e pelas companhias para se autodenominar. Mas o público não tinha essas mesmas preocupações, necessariamente, e eram forçados a navegar por esse mar de performances. E eu estou me referindo à performance teatral bem como à performance de improviso, sem roteiro – eu estou me referindo à performance popular, eu estou me referindo a um senso não-hierárquico sobre o que está acontecendo nos palcos institucionalizados e o que está acontecendo em outros tipos de locais de performance. E aí, aí está o conhecimento cultural necessário para você reconhecer os tropos de raça, você pode reconhecer tropos de nacionalidade, você pode reconhecer tropos de gênero que não tem nada a ver com as categorias tradicionais pelas quais os acadêmicos do teatro têm se interessado. Então eu estou tentando entender isso como um repertório – e é muito mais um repertório para performers do que é um repertório para o público. E já que é o entretenimento de massa, é a forma de massa do seu tempo, eu acho que essa é uma questão realmente atraente, uma coisa muito atraente para se tentar entender.

Diana
: Muito obrigada. É incrivelmente interessante, o seu trabalho.

Tracy
: Obrigada.

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