Mother Earth and Resource Extraction: Women Defending Land and Water

Os impactos na vida das mulheres da Intag e uma análise baseada em gênero


Compilado por Gloria Chicaiza


Excertos do relatório “Íntag: Una Sociedad que la Violencia No Puede Minar” (Íntag: uma sociedade que a violência não pode minar).

Embora o conflito causado pela mineração tenha sido uma constante que tem condicionado a vida da população de Íntag, uma localidade do interior do Equador, a capacidade organizacional da comunidade e sua clareza nas escolhas da vida fizeram dela uma referência nacional e internacional em termos de propostas de vida sustentável. Estas propostas incluem, entre outras, um projeto de um mini gerador de energia, um projeto que não pôde ser implementado devido a obstáculos governamentais (Energies Sans Frontieres, 2009), bem como uma rede de organizações agroecológicas que garantem a soberania alimentar da comunidade, inclusive através da exportação de café fino orgânico certificado.

Nas mobilizações públicas, as mulheres desafiam seus papéis tradicionais, assumindo um papel ativo na reivindicação dos direitos humanos.
As lógicas afetivas das mulheres se transformam em motores de luta.

"As mulheres que se opõem à mineração são unidas por um vínculo comum" (Família 17).

É pertinente destacar o papel de liderança das mulheres que são:

- Gerentes de quatro empresas de produção limpa e eqüitativa dirigidas por mulheres, tais como: "As Oficinas do Grande Vale" que criam produtos fabricados a partir da planta Luffa; "Associação de Mulheres do El Rosal" que produzem cosméticos a partir da babosa; "Associação Artesanal de Mulheres e Meio Ambiente" que transformam a fibra natural da planta de fieira; e a "Associação de Mulheres de Intag (GADI)" que fabricam roupas esportivas e trabalham com o turismo baseado na experiência.
- Defensoras da Rede de Ecoturismo de Intag, que promove o turismo ambiental e comunitário.
- Líderes e membros da Assembléia do Distrito de Cotacachi (AUCC), um espaço de construção e monitoramento de políticas públicas, que há 19 anos apóia a defesa de Íntag contra atividades extrativistas. Graças aos esforços da AUCC, foi declarada um "Distrito Saudável e Ecológico" livre de mineração através de uma portaria municipal em 2001, a primeira do gênero na América Latina.
- Facilitadoras de oficinas de formação em direitos humanos e ambientais e justiça mineira.
Uma abordagem feminista garante que os impactos da violência política sejam analisados com base nas condições estruturais de subordinação e discriminação histórica das mulheres, que são agravadas pela violência política e pelas ações do Estado.


É importante destacarmos as violações e seus respectivos impactos não apenas para tornar visível ou denunciar o horror, mas para compreender mais claramente a experiência das mulheres afetadas. Tal compreensão mais apurada fortalece as mulheres na defesa de seus direitos e visibiliza suas propostas.

"Quando a polícia entrou, fizemos uma corrente de mulheres, e eles estavam com escudos e capacetes, e bateram na gente" (Família 23).

Também é necessário tornar visível a coragem das mulheres para defender seus entes queridos, para resistir aos abusos e, especialmente, sua capacidade de transformar a si mesmas e a vida social ao seu redor, apesar da violência.

Trata-se não apenas de ampliar a visão das conseqüências e dos impactos que a violência tem sobre as mulheres, mas também de reconhecer suas contribuições para reconhecê-las como membros valiosos da sociedade.

This page has paths:

This page references: