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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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Rebecca Schneider





Entrevista com Rebecca Schneider. (2007)

Rebecca Schneider é Professora de Artes Teatrais e Estudos de Performance na Brown University. Ela também leciona no Departamento de História da Arte e Arquitetura e é colaboradora no Departamento de Cultura Moderna e Mídia. Ela ensina estudos de performance, estudos de teatro, teorias de intermídia e novo materialismo. Ela é a autora de The Explicit Body in Performance (Routledge, 1997) e Performing Remains: Art and War in Times of Theatrical Reenactment (Routledge, 2011). Ela também co-editou um número especial da TDR: The Drama Review sobre "Precarity and Performance" (2012) e a antologia Re:Direction: A Theoretical and Practical Guide to 20th-Century Directing (2001). Ela é editora convidada da TDR: The Drama Review, editora colaboradora da Women and Theatre, co-editora da série de livros "Theatre: Theory/Text/Performance" da University of Michigan Press, editora consultora da série "Performance Interventions" da Palgrave McMillan. Schneider publicou ensaios em Psychoanalysis and Performance, Acting Out: Feminist Performance, Performance and Cultural Politics, Performance Cosmologies, Performance and the City, e o ensaio "Solo Solo Solo" em After Criticism. Como "teórica da performance", já colaborou com artistas em museus em Londres, Portugal, Frankfurt e em outros lugares. Seu primeiro livro aborda artistas feministas que usam seus próprios corpos como palco para suas performances, situando-as dentro da tradição da vanguarda do teatro e da história da arte, e oferece leitura destes trabalhos em relação à teoria feminista e crítica da raça. Seu segundo livro aborda a arte de modo não linear sob a rubrica da “reencenação." Seu terceiro livro, dedicado aos estudantes de atuação e de performance, parte da questão “por que estudar a história do teatro?”. Ela está atualmente trabalhando em um projeto sobre "interinanimacies" e em uma obra teatral intitulada "Acting in Ruins ".X



Diana Taylor: Então, Rebecca, muito obrigada por conversar conosco sobre o que são os estudos da performance.

Rebecca Schneider
: O prazer é meu.

Diana
: Você poderia me falar um pouco sobre você?

Rebecca
: Eu sou professora da Brown University, onde eu sou chefe do Departamento de Teatro, Discurso e Dança, que na verdade estamos no processo de mudar para Teatro e Estudos da Performance. Então essas são perguntas com as quais nós estamos realmente envolvidos no momento na Brown. Nós temos um programa de pós-graduação em Teatro e Estudos da Performance, no qual eu também estou envolvida. Então, esta sou eu.

Diana
: Então, como vocês definem os estudos da performance? Ou quais são as características que você tem em mente quando pensa sobre isso como uma disciplina, ou uma pós-disciplina, ou...?

Rebecca: Certo. Bem, eu acho que uma das coisas mais maravilhosas, para mim, acerca dos estudos da performance é que eles resistem a uma delimitação definitiva. Portanto, estamos todos pensando sobre eles como uma área de debate que nós – no Departamento de Teatro, Discurso e Dança – todos abordamos com diferentes preconcepções sobre o seu significado, e são essas diferenças que constituem os estudos da performance. Então eu detestaria erguer uma cerca ao redor dos estudos da performance, eu que sou uma das defensoras de eles nunca serem congelados em uma disciplina rígida. Eu sempre pensei nos estudos da performance como um convite para se pensar sobre as nossas fronteiras em torno das disciplinas e também para resisti-las ou confrontá-las umas com as outras. Então, para mim, os estudos da performance são, na verdade, fundamentalmente interdisciplinares e intradisciplinares, e talvez não antidisciplinares, sabe – já que eles não são absolutamente contrários às disciplinas, posto que nós obviamente queremos manter um senso histórico acerca dos nossos meios de conhecimento. E nós queremos ter um rigor... queremos treinar os nossos alunos com base em uma estrutura rigorosa de conhecimentos acerca das disciplinas e sobre o que ocorre dentro das disciplinas. Mas os estudos da performance como uma metodologia, eu acho, nos permite circular por entre as disciplinas e também pensar sobre a interdisciplinaridade.

Diana
: Então quais seriam essas metodologias, quando vocês pensa sobre metodologias dos estudos da performance?

Rebecca: Certo. Bem, tem a maneira maravilhosa em que a própria performance pode significar tantas coisas diferentes. Então, um dos… eu digo “maravilhosa”, outras pessoas diriam “terríveis”. Eu procuro sempre de certo modo tender para... o lado otimista disso. No nosso departamento, por sermos o Departamento de Teatro e Estudos da Performance, os estudos da performance existem em conjunção com algo que é historicamente mais definível: o teatro. Então a maior parte das questões apresentadas por nós dentro do nosso grupo de certa forma está relacionada com isso: a relação entre a performance e a teatralidade. Mas, logicamente, a “performance no espectro mais amplo”, que seria a terminologia do Richard Schechner, pode significar a performance na vida cotidiana, o ritual, aspectos de jogo, todas essas coisas. Queremos estudar todas essas coisas, mas estudamos elas também em relação a essa categoria do teatro e teatralidade. E eu pessoalmente tenho muito interesse em – e isso na verdade não está respondendo à sua pergunta sobre metodologia – mas eu tenho muito interesse pessoalmente no que consideramos ser a diferença ou distinção entre a performance de um ato e a performance teatral de um ato, ou uma performance que não passa pelo ato em si – o que [J.L] Austin chamaria de uma “performance infeliz” – e essa relação com a performance considerada como o real, ou o performativo, ao dizer “Eu estou fazendo este gesto e este gesto é...” pronunciar algo, em relação ao gesto imitado ou que não chega a passar por efetivo. Tem um terreno muito escorregadio aí que é muito, muito, muito interessante para mim, claro, porque muitas questões sociais e políticas escorregam para dentro e para fora desse terreno entre o que passa e não chega a passar efetivamente. Muita coisa é decidida. Então, isso não responde à sua pergunta sobre metodologia [ri].

Eu penso sobre os estudos da performance como... eu estava pensando sobre como... o que eu diria... é uma afirmação muito ampla dizer que os estudos da performance são um convite para colocar ideias em jogo. E o que eu... Então eu me perguntei o que eu, o que eu acho que isso significa. Por que eu formulei essa frase e o que ela significa? Eu pensei que pôr ideias em jogo é por um lado pôr ideias dentro dessa coisa que chamamos de jogo ou peça. O que nós estamos fazendo quando jogamos, quando representamos, ou quando fazemos algum tipo de performance? Então estamos pensando sobre o jogo e os efeitos bastante reais que o jogo tem sobre a realidade. Mas é também o outro sentido, pôr ideias em jogo, liberar ideias, qualquer tipo de ideia crítica, no espaço público, e vê-las atritar-se umas com as outras, formar debates, criar coletivos de pessoas discordando ou atritando ideias umas com as outras, pondo as ideias em jogo. Para mim, quero dizer, claro que isso valeria para qualquer movimento intelectual, mas eu acho que os estudos da performance, na medida em que enfocam o jogo, a atuação dessas ideias, é um campo particularmente propício a isso.

“A performance no espectro mais amplo pode significar a performance na vida cotidiana, um ritual, aspectos de uma peça, todas essas coisas. Queremos estudar todas essas coisas, mas estudamos isso também em relação a essa categoria do teatro e à teatricalidade.”


Diana: Então como isso fundamenta o seu trabalho? Quero dizer, como o seu próprio trabalho lida com algumas das questões que você coloca?

Rebecca: Bem, quero dizer, neste momento eu… Eu tenho pensado bastante sobre fotografia, que é o modo pelo qual as câmeras, por exemplo, criam imagens que supostamente não são mais “ao vivo” depois do evento da sua captura. Mas eu estou muito interessada na testemunha futura, em questionar se esse evento é realmente delimitado nesse momento da captura e não tem mais vida após o evento. Será que não há algo vivo, uma duração na instituição, ou na instanciação, ou na substanciação, ou o quem quer que seja esta testemunha para a qual falamos, que é projetada em nosso futuro – e que nós, de certo modo, convocamos sem saber quem será essa pessoa, ou qual será o seu envolvimento. Serei eu mesma, por exemplo, quando eu for olhar, espero que não horrorizada, para a minha própria imagem, mais tarde? Mas essa é uma relação temporal na qual eu tenho muito, muito interesse, porque eu estou interessada em perturbar o ao vivo, ou a relação ao vivo como sendo limitada somente a uma espécie de “agora”. Eu acredito que pode haver um ao vivo transtemporal.

Diana
: O que a performance nos diz a respeito do passado? Ou será que a performance pode mesmo nos falar sobre o passado, se estamos falando desse arco temporal?

Rebecca: Certo. Bem, eu acho que se nós não entendermos ao vivo simplesmente como “agora”, então temos, quero dizer, muitas noções se desmoronam com isso. Quero dizer… isso pode tornar-se extremamente escorregadio, de modo que, bem... você poderia... bem, eu não sei se eu quero me sentar aqui e falar sobre viagens no tempo. Mas (ri), mas quero dizer que se nós permitirmos que o tempo seja poroso, se pudermos tocar porosamente em momentos histórico  através do contato do vivo com o não-mais-vivo, sem delimitar isso somente à morte – “isto está morto e isto está vivo” – mas nos permitirmos ter conversas transtemporais com as coisas, de modo que nós agora falamos como o futuro, nós trazemos um passado, você sabe que essas coisas são interligadas e que não são apenas uma linha reta progressiva, elas são extremamente transconstituídas. E portanto eu tenho interesse em considerar a fluidez da performance, que é mimética, qualquer palavra já faz referência ao seu uso passado. Elas já, quero dizer, o emprego de uma palavra já é multitemporal, porque nos faz lembrar o que aquela palavra já significou e tudo isso. Então eu acredito que os estudos da performance são uma maravilhosa arena para se pensar sobre relações transtemporais desse tipo. Talvez isso foi vago, mas...

Diana
: Obrigada.

Rebecca
: De nada.

Diana
: Muito obrigada.

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