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What is Performance Studies?

Diana Taylor, Author

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André Lepecki




Entrevista com André Lepecki (2002)

André Lepecki é Professor do Departamento dos Estudos da Performance na New York University, curador independente e ensaísta. Alguns de seus trabalhos curatoriais incluem: Curadoria Geral do festival IN TRANSIT (edições de 2008 e 2009) no HKW, Berlin; o arquivo Dance and Visual Arts since 1960s para a exposição MOVE: choreographing you, Hayward Gallery (2010). Curador da série “Performance in the Museum”, “Off-Hinge / Of Center: alternative histories for performance” e “Points of Convergence” no MoMA- Varsóvia (2013-15). Consultor da Bienal de Sidney, 2016. Alguns prêmios: AICA Award de Melhor Performance pela co-curadoria e direção da reconstituição autorizada de 18 Happenings in 6 parts, de Allan Kaprow (patrocinada pela Haus der Kunst, 2006; apresentada na Performa 07). Algumas palestras: Museo Reina Sofia; MoMA; MAM, Rio; MACBA; MoMA-Varsóvia; Para Site, Hong Kong; Princeton University; Freie Universität, Berlin; Brown University; UC-Berkeley; École Superieure des Hautes Études, Paris; UFRJ, Brasil. Editor da série Dance Composes Philosophy Composes Dance para a TDR. Coeditor com Ric Alsopp do volume ‘On Choreography’ do periódico Performance Research (2008); coeditor com Mark Franko do volume especial ‘Dance in the Museum’ do Dance Research Journal (2014). Editor das antologias Dance (2012); Planes of Composition: dance, theory and the global (2009, com Jenn Joy), The Senses in Performance (2007, com Sally Banes), Of the Presence of the Body (2004). Autor de Exhausting Dance: performance and the politics of movement (Routledge 2006) atualmente traduzido para dez idiomas. Na primavera de 2009 foi pesquisador residente do Instituto de Entrelaçamento de Performances Culturais, na Freie Universität, Berlin. No outono de 2013 foi professor visitante na UFRJ, graças a uma bolsa da CAPES. Em 2014-2015 foi professor convidado na Stockholm University of the Arts, onde ajudou a implementar um doutorado em pesquisa artística. Seu livro Singularites: dance and visual arts in that age of performance será publicado pela Routledge em 2016.X



Diana Taylor
: Olá, a entrevista de hoje é com André Lepecki, que é Professor no Departmento de Estudos da Performance na Tisch School of the Arts, na NYU. André, eu queria lhe perguntar o que você entende por estudos da performance?

André: Bem, como eu acho que os espectadores dessas entrevistas vão perceber, os estudos da performance é um campo para o qual muitas, muitas definições podem ser aplicadas. Algumas pessoas vêm das teorias dos atos de fala e da performatividade, outras vêm com um interesse em ritual e performance, e nas interseções entre essas duas coisas, da performance na vida cotidiana. Eu acho que isso talvez signifique que os estudos da performance são, na verdade, um ponto de chegada conceitual dentro do meio acadêmico, que possibilita um certo modo de ser, teórica e praticamente, dentro do campo. Ou seja, de certa forma, eu vejo os estudos da performance como uma possibilidade de se pensar sobre modos de analisar a prática artística, em particular, já que é isso que eu faço, principalmente, de maneiras que sejam realmente dialógicas com essas práticas. Então eu vejo esse campo como um ponto de chegada, uma convergência.

Diana: Eu sei que a sua formação também é em estudos da dança, e eu me pergunto quais seriam as contribuições dos estudos da dança para os estudos da performance e dos estudos da performance para os estudos da dança, na sua opinião.

André: Os estudos da dança têm tradicionalmente se preocupado com o movimento, e como é que podemos capturar e interpretar o movimento através de diferentes técnicas coreográficas e práticas composicionais. Os estudos da performance abrem a possibilidade de pensarmos a dança de outra forma. Será que a dança é apenas movimento ou será que ela abrange também uma série de outros fatores, os quais podem ou não estar presentes no palco no momento da performance? Pensar em termos de políticas de identidade, estudos raciais, teoria crítica, condições pós-coloniais, são maneiras em que os estudos da performance... ou modos através dos quais os estudos da performance têm trabalhado há um bom tempo e que podem ajudar – ou informar – os estudos da dança a sair um pouco do regime escópico estabelecido pelo modernismo, que ainda influencia os estudos da dança, eu acho. O modo como os estudos da dança podem contribuir com os estudos da performance é através dessa ênfase na materialidade e desse entendimento de dentro pra fora. A maior parte dos estudos da dança, pelo menos nos Estados Unidos, é originada de dançarinos e coreógrafos, e do saber através do corpo, de como é que o corpo pode de fato informar a teoria e um entendimento da prática coreográfica. O que os estudos da dança podem oferecer aos estudos da performance é um tipo de saber a partir de dentro. Espero que possamos encontrar um terreno comum.

“Eu vejo os estudos da performance como uma possibilidade de se refletir sobre os modos de análise da prática artística, em particular … de maneiras realmente dialógicas com as práticas em questão. Então eu enxergo esse campo principalmente como um ponto de chegada, uma convergência.”


Diana: Eu sei que muito do seu trabalho concentra-se em Portugal e na prática da dança moderna na Europa, então eu gostaria de saber como você acha que os estudos da performance trabalham transculturalmente. Como algumas teorias que desenvolvemos nos Estados Unidos iluminam, talvez, ou talvez obscurecem ou complicam, algumas das práticas que você analisou e que têm origem em outro lugar?

André
: Essa é uma pergunta muito interessante, porque eu acho que... para responder a essa pergunta, eu tenho que contar uma espécie de biografia sobre como eu descobri os estudos da performance. Eu encontrei os estudos da performance por acaso, numa conferência em Portugal, onde eu conheci Dwight Conquergood, do programa da Northwestern [University]. Era uma conferência sobre a dança na Europa, dança contemporânea, basicamente sobre a dança-teatro, e Dwight Conquergood e Cynthia Novak estavam ambos lá, no começo dos anos 90, e eu não fazia ideia que os estudos da performance eram um campo acadêmico. Eu estava trabalhando na área de antropologia, como pesquisador júnior num centro de pesquisa sociológica da Universidade de Lisboa, e eu convivia muito com dançarinos e coreógrafos, em grande parte porque esses dançarinos e coreógrafos em particular estavam interessados em certas teorias, mas eles não tinham o tempo ou o conhecimento adequado para se aprofundar nelas, mas eles tinham certa curiosidade de pensar como essas teorias poderiam informar as suas práticas de dança.

Então eu estava passando muito tempo com eles, e eu fui para essa conferência, e Dwight me informou sobre esse campo de estudo. Esse é um momento interessante, porque não é só transnacional, mas imediatamente interdisciplinar, da forma mais radical, que é o momento em que os artistas de fato exigem uma performance dos acadêmicos para que possam criar algo novo. Então, de certa forma, eu sinto que muito do que está acontecendo na Europa, que é de onde eu venho – mais ou menos, já que eu nasci no Brasil – muito do que está acontecendo tem a ver com esse modelo de estudos da performance, esse diálogo entre prática artística, intervenção política, curiosidade teórica.

Uma dessas práticas pode ser vista no trabalho de Pina Bausch, por exemplo, que eu acho que de algum modo replica esse formato do seminário, o que é bastante próximo do modelo acadêmico que temos aqui no Departamento. Então eu vejo a minha pedagogia e a minha compreensão de estudos da performance bastante influenciados pelo pensamento de certos coreógrafos, então isso responde ao aspecto transdisciplinar da pergunta. Internacionalmente, eu sinto que a discussão e a pesquisa que vêm sendo geradas no âmbito dos estudos da performance têm repercutido muito numa nova geração de coreógrafos e artistas na Europa. Penso em Jérôme Bel, que é um proeminente coreógrafo francês, me dizendo que estudou o livro Unmarked de Peggy Phelan e então pensou sobre coreografia, e isto o fez pensar em fazer uma coreografia nova… Há outros exemplos, o livro de Rebecca Schneider
Schneider, Rebecca. 2002. The explicit body in performance. London: Routledge.X
sobre o corpo explícito na performance. Eu lembro de conversas que tive com certos artistas visuais na Europa que estão lendo esses livros para ajudá-los a pensar sobre a sua arte, então este é um momento muito interessante, em que há esses tipos de afiliações e cumplicidades.

Diana: Há alguma coisa que você gostaria de adicionar? Conte-nos um pouco sobre os cursos que você ministra, brevemente.

André: Estou tentando dar cursos em estudos da dança que são informados em grande parte por leituras muito literais do que podem ser consideradas as bases da dança no século XX, que têm a ver com gravidade, movimento, a descoberta do inconsciente, a inércia, e várias outras imagens muito, muito literais com as quais os coreógrafos têm trabalhado, e depois tentando explorar essas coisas como uma espécie de intertextualidade entre movimento e teoria cultural e filosofia, basicamente. É isso o que eu faço.

Diana: Ótimo, obrigada. Muito obrigada, André.

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